comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Resposta nº 1

Meu nome não tem ipisilone! (resposta de Silvia para Junia Pereira)


Deus esta solto e mora comigo dizem. Mora comigo.
Os ratos me acompanham, e moram comigo.
Eu sou uma esponja.
América! Eu te dei tudo e agora eu não sou nada.
América não me encha o saco.
Brasil mostra a sua cara
Cazuza tinha a língua presa.
E eu votei na Dilma.
Agora não se fala nada.
Todos os poetas cantam do hospício.
É preciso ser absolutamente moderno.
Vaibicho. Desafinar ocorodoscontentes
Ocorodoscotentes. Ocorodoscontentes.
Sim sou captu!
Eu sou inocente ainda que culpada.
Bentinho era um bosta.
Machinho de merda.
Aprendeu retórica.
Essa mania.
Essa mania de convencer os outros pelo método!
Mulher é desdobrável.
Eu sou! Ainda que gauche.
E gênio. Gênio? Você sabe. Esse papo de nerd português do século passado.
Retrasado.
Carrego comigo um troço de culpa e um traço de glória.
Porque você não escreve a sua madame Bovary?
Porque só aquela madame Bovary que deu certo porra!
Os tempos mudam Hilda, disse Lady Gaga.
Enfim:
Perder tempo. Gritar e rolar no asfalto feito uma primitiva.
Podem vaiar!! Vaia de bêbado não vale.
Me desclassifiquem.
Quanto a mim, a voz tão rouca, fico por aqui comparecendo aos atos públicos, pixando muros contra usinas nucleares, teatrinho com temática ambiental, um dia de monja, um dia de Joplin, um dia de puta, um dia madre Teresa de Calcutá.
As armas chegarão amanhã sem falta! Vai ser bonita a festa, pá.
Ninguém vai me impedir de cantar “don´t smoke in bed” em cima de um piano de calda!
Ô! Psiu! É com você mesmo, bee.
Deus está solto.(uuuuuuuuuuuuuuu).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Desabafo sobre o Brasil República

Primeiro era o Império. Depois veio um governo provisório e virou tudo Café com Leite. Quem é café com leite leva vantagem na brincadeira. Só que aí o chimarrão bateu o pé. E virou tudo chimarrão por um tempão. Chimarrão inventou uma porção de regras novas, umas levavam mais gente em consideração. Tipo as meninas agora podiam da pitaco na brincadeira, e mesmo quem não era dono da brincadeira, mas que brincava pra caramba, agora tinha direitos e brincava oito horas por dia. Mas se não gostasse do chimarrão, ficava de castigo. Ou num brincava nunca mais. Quando a coca-cola se encontrou com o chimarrão, um monte de gente foi pra segunda guerra mundial. Aliás chimarrão aprendeu algumas coisas com a Coca-cola. Primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Entranhou-se.Chimarrão desistiu da brincadeira em agosto de 54. Mas Coca-cola continuou vigiando porque tinha a turma da vodka que tava brincado de foice e martelo do lado esquerdo da rua, e coca-cola não queria que ninguém aprendesse brincadeira nova. Tinha o pessoal do exército que tinha acabado de tomar banho com alvejante e limpado todas as manchas vermelhas (o pessoal que curtia a brincadeira da vodka, que tinha sido inventada por um chucrute no século anterior, mas o pessoal do chucrute tinha passado por uma onda muito ruim, brigaram, ficaram separados um tempão...) do exercito.Assim, alvejantes e coca-cola tomaram conta da brincadeira por uns 20 anos. Chato pra cacete.Quando por fim resolveram que a maioria devia voltar a dar pitaco no jogo. Veio um menino rico, de saco roxo, e roubou o lanche de todo mundo.Isso foi outro dia mesmo. Depois veio um moço mais estudado, mas com rabo preso com a coca-cola, e o povo ficava zoando ele: fora já! Fora já daqui!...Depois, entrou um cara daqueles que brincava oito horas por dia. Foi legal. Nem todo mundo achou legal, mas foi legal. De toda forma ele aprendeu umas coisas com chimarão, com a vodka, com a coca-cola e com a cachaça.Hoje tem que dar pitaco na brincadeira de novo. E é um tal de caipivodka, capeta, cuba libre, uma porrada de coquetel. E num parece legal. Ta difícil de escolher a batida.Mas pra quem brincou por 20 anos uma brincadeira chata, outro dia mesmo...Confesso que por ter crescido dentro do apartamento, sempre quis participar da brincadeira da rua, e dar pitaco nela. As vezes dentro do apartamento eu até sonho com um grande recreio, sem dono da brincadeira nem nada. haahhahahah Mas isso é coisa de punk da Savassi, se é que eles existem.Fico aqui pensando se tomo ou não tomo a caipivodka... Sei que o curassau frozen tucano não me desse bem, e não bebo não. Algo me lembra alvejante e coca-cola... Bonito e careta.Se eu tomar a caipivodka e não cair bem, eu vomito.?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sylvia por Junia Pereira

Sylvia, por que seu nome tem ipisilone?
Sylvia, você acredita em Deus?
Sylvia, é verdade que você mora num bueiro?
Sylvia, você então convive com os ratos?
Sylvia, eles querem conquistar o mundo?
Sylvia, você tem o rabo preso?
Sylvia, você é ou já foi filiada ao PT?
Sylvia, você é alguma agente secreta que presta serviço de traição e espionagem para o departamento de inteligência do governo?
Sylvia, é verdade que você é o retrato de uma alemã morta?
Sylvia, você esteve de que lado do muro de Berlim?
Sylvia, você gosta de coca-cola?
Sylvia, você é a favor da liberação da maconha?
Sylvia, você fuma para matar os diabinhos?
Sylvia, você é um diabinho?
Sylvia, essa bee de que você tanto fala é uma marca de calça jeans?
Sylvia, onde você aprende as gírias que usa?
Sylvia, em quem você vai votar pra presidente?
Sylvia, você é enigmática ou dissimulada?
Sylvia, você tem a malícia de toda mulher?
Sylvia,
las histéricas somos lo máximo?
Sylvia?
SYLVIA!!!
Oh, Sylvia...

sábado, 21 de agosto de 2010

Revolution

Revolution (a continuação da saga da moça da melancia)

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
Ela grita na porta do prédio. Uma senhora se assusta.
Olhando o que? Atravessa a rua e vai até o bar. Compra os cigarros. O tampo da melancia bateu na parede, suco de sandia escorrendo no assoalho.
Ela acende os cigarros. Um homem olha pra ela. Ela dá um trago. Pensa em dizer alguma coisa desiste, volta pro outro lado da rua e começa a caminhar.
Você me aparece com essa cara pra falar da sua rebeldia. Da sua rebeldia?
Autoritária, fraca, dissimulada e melindrosa isso sim. Que merda.
Realmente sou uma grande merda. Não sei de nada a não ser do que me pegou de tal forma que me fez prestar muita atenção. Eu não presto muita atenção.
Preguiçosa, vagabunda, avoada, dispersa, indisciplinada. Sou boa no que faço. Há! E espero que isso me leve a algum lugar. Posso esperar até o dia chegar?

Eu tenho dor. Escrevo e a culpa é de toda dor malacabada que deixou uma porra de marca em mim. Não cura. Mas também não diagnostiquei. Avoada que sou, desde nova venho dizendo. Metade de minhas palavras se dissipam com o cigarro. Um maço de palavras por dia cheias de alcatrão e nicotina e veneno de rato vão pro espaço. Outras trancafiadas no pulmão, me tiram o fôlego e engrossam a minha voz. Se eu não fumasse, eu falaria. Falaria tanto!! Aos sete ventos minha voz, cheia de lirismo juvenil e imbecil, retórica que nunca tive, coerência que nunca dei conta. Tudo ao invés da fumaça espessa. Ou rala.

Continua caminhando, joga o cigarro na boca de lobo.
É! 2012 ta aí e eu jogo a porra da guimba na boca de lobo!
Ri da afirmação raivosa imbecil e continua.
Watermelon escorrendo, passando por debaixo da porta. Ganhando o hall e as escadas.
Passa pela frente do prédio, mas não entra. Resolve caminhar mais.

Gostava de conseguir escrever andando... É impressionante como que o corpo em movimento faz a cabeça funcionar. Como penso enquanto ando. Sou boa de escrever quando tem uma dor muito grande que precisa de lugar, por que já não cabe só em mim. Faz tempo meu coração tem tido espaço de sobra. A dor existe tímida. Distraída. Cansada. Ando pequena e cansada. Desejosa de.

Melancia ganhou o elevador, escorre pelas gretas da porta, pelos botões.

Não sei de onde vem tanto desejo de. Moro num castelo. E o mundo não parou lá fora. Apesar de previsível o mundo não parou lá fora. Li meia dúzia de livros que me fez chorar. Meia dúzia de livros que me fez andar, meia dúzia de livros que fez frio na barriga. Dezenas de livros que fizeram pular uma porção de páginas.

E ela começa a andar e a gesticular sozinha. Ela já tinha aprendido a conversar consigo mesma sem chamar a atenção. Tinha vergonha na infância quando percebiam que conversava sozinha. Então conversava com ela mesma como um segredo, ninguém sabia. Mas ali ela tinha se esquecido e gesticulava e ria, e resmungava de raiva. Anos de educação autista jogada pelo ralo.

Minha escrita adolescente. Pouco símbolo ou metáfora aparente. Tudo nu e cru, com referencias nenhum pouco clássicas. O elevador abre e jorra uma água vermelha inundando a portaria do prédio. Referência clássica, essa sim.

Quero gritar e rolar no asfalto. Quais são as opções? Pra que lado eu vou? Que camisa eu visto, que bandeira eu dou.

Cansei não tenho mais nada pra falar. E se o mundo acabar amanhã, que ficção científica vai dar conta da dor que não se resolveu na TERRA?
Estou AGUDA!
VOU PARAR...
O suco vermelho que já tinha inundado a portaria do prédio, ganha as ruas, entope as bocas de lobo, começa a levar os carros, os carrinhos de bebê, os vira-latas, o lixo, os mendigos, os guardas de trânsito. Eu, com a melancia no pescoço, até o pescoço, me esforçando pra respirar, grito:

TEM GENTE QUE AINDA CANTA QUE TUDO VAI DAR PÉ?

Vai dar pé, vai dar pé.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A amazona

sertão... nunca vivi.
Subo do lado direito da sela.
Cavalo dá voltas comigo no mesmo lugar.
Uma temporada no inferno. Rimbaud foi para o deserto.
Isabelle de Berthardt virou Tuareg. Diadorim.
Belchior fugiu para o Uruguay.
Billy the Kid e lampião. Procurados Achados e mortos.
Raul Seixas Caetano e Bob Dylan.
Kate fez Bob nas telas.
Quem sabe eu faço Caetano ou Raul?
Pessoa morreu mais velho que Rimbaud.
Quando pequena eu achava que Drummond tinha morrido ao tropeçar numa pedra que tinha no meio do caminho.
Meu pai cruzou o Atlântico. Há séculos que não ando a cavalo no pasto.
Victor Jara perdeu a mão em um estádio de futebol em Santiago.
Não fui na posse do Lula em 2003.
Vandré não canta mais. E John Lennon você sabe... a CIA.
Eu sou uma profunda conhecedora de nada. Só de Beatles. Mas quem não é?
A fazenda é o meu último recinto. O meu último lugar. Só que ninguém sabe disso.
Meu avô me deu um coração com candura.
Algo herdei e vive comigo.
Guardo comigo até o dia de morrer e passar isso pra alguém. Hei de passar isso pra alguém.
Walt Whitman começou a escrever com 29. Jim e Jimmy morreram aos 27. Meu violão quebrou. Tenho uma fitinha de Simon e Garfunkel que ganhei de um namoradinho espanhol que por sua vez tinha ganhado do pai, que tinha uma boate chamada Saravá em 81.
Ninguém em casa.
Nem o disco de Paul Simon. Ninguém.Ninguém é cidadão.
Virgulino Ferreira da Silva. Steve McQueen. Alexander McQueen. Lampião criava suas próprias roupas.
Ninguém em casa. Oh lord wont you buy me a mercedez bens?
That ´s it. hahahahah

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gloria por Silvia

Gloria (Patti Smith)

Prólogo

Falo na língua de um simplório experiente que obviamente não passa de uma Pollyana pomba de Woodstock histero-histriônica que chora excessivamente.
Isso se passa num bar dentro da minha cabeça e, plagiando Leminski, uma grama depois, porque sem isso eu não sou articulada e estaria chorando. E só.
Meus amigos:
Não. Meu corpo não é o mesmo. E minha buceta fala. Não que ela seja minha cabeça de baixo, como é costume se dizer do sexo oposto. Mas ela fala. E é mal resolvida. E aí? Arre com todos os bem resolvidos de perto de mim. (arre: do Ár. arrih, grito para estimular os camelos. interj.,expressão para incitar as bestas a caminhar.)
Visto a camisa. Não tenho escolha.
Sabe Chaplin? Tempos Modernos: ele pega uma bandeira vermelha que caiu de um caminhão no chão. Acena com a mesma para o caminhão. Acena. Acena. Surge por de trás dele uma imensa passeata com cartazes com dizeres como “strike” e etc. Carlitos é preso como líder comunista. Isso é dar bandeira, Bee... Isso é dar bandeira.
Silvia.
Capítulo Zero
Onde estará Sylvia Von Harden ?

Capítulo hum

De cima de um banquinho, Silvia alcança uma pequena janela com grades, a única do cômodo onde vive. Ali existem paredes escritas, um colchão, um amplificador com microfone. Ela grita para fora.
Vai te fudê! Você é uma bicha de merda!
Você não sabe meu lado ocidental. Eu sou uma besta! Soy una esponja! Sorbo la idiossincrasia del mundo y el tabaco!

Capítulo Dois
Sentada em cima do amplificador, com o microfone na mão. Silvia canta! E simula vaias.

Silvia é marginal
(uuuuuuuuuuu)
Silvia é old school
(uuuuuuuuuuu)
Silvia é a vanguarda de fraldas
(uuuuuuuuuuu)
Não votem Silvia
(uuuuuuuuuuuu)
Seja Silvia, seja herói
(uuuuuuuuuuuu)
Silvia é outsider
(uuuuuuuuuuuu)


Capitulo Três

Silvia escreve para Bee . Na parede de seu cômodo.

Navontadedeaçambarcaromundocomaspernaseacabarporrecriálonascoxas! No fim de tudo, ainda: I wanna be a rock star. E o que uma garota pobre como eu pode fazer senão tocar numa banda de rock? Eu me tornei atriz por que era dispersa demais pra tocar violão.
Mesmo porque o violão não pode aparecer mais que o meu belo quadril.
Rebolo. Please to meet you.
Aqui é Silvia, Bee. Te cuida.


Capítulo Quatro

Aqui quem fala é Silvia, Bee. As armas chegarão amanhã, sem falta. Ninguém vai me impedir de cantar “Dont Smoke in Bed”, deitada num piano de cauda.

A repetição faz este sapo pular. Não tomo remédios. Serotonina TRABALHA COMO QUER por aqui. Anarquia geral. Não existe linha de montagem na minha cabeça!

Capítulo Cinco

Silvia plagia cantores da MPB, recita Marlon Brando, canta o hino da Internacional no chuveiro, copia conversas de telenovela e desenho animado...
Silvia! Como você é démodé! Se dê o mínimo de autenticidade nesse mundo. Mundo besta meu Deus! Sem um mísero conhaque pra te comover. Convenhamos, você tem que descobrir algo novo pra falar. Sem conhaque.

Silvia grita pela grade da janela:

Absolutamente moderno!
Absolutamente burguês!
Absolutamente descontextualizado!
Absolutamente incoerente!
“É PRECISO SER ABSOLUTAMENTE MODERNO”.

Ironia parafraseando Rimbaud a essa altura do campeonato...
The Dream is over What can I say.
A outsidermarginal quase terrorista quer evidência. Ela quer evidência. Ela quer ser John Lennon. Uma espécie de diva comprometida com causas coletivas. Liza Minelli de esquerda. Ainda quer autoria em tempos de Luther Blisset.

Silvia mora num porão, um dia ela vai sair anunciando a revolução caminhando em um tapete vermelho e provavelmente cantando Somewhere Over The Rainbow ou algum sucesso da filha de Judy Garland. Pobre Silvia, a pseudomártir das causas modernas perdidas e que agora só quer um resto de glamour e deixar o recinto com alguma dignidade.

Capítulo Seis

Cara Bee
Aqui quem fala é Silvia. Acho que vou sair. Prepara o tapete. Cansei de ser Van Gogh pra te chamar de Teo...

Capítulo Sete

Silvia saiu. Ladies and gentleman... Silvia acaba de deixar o recinto.

Capítulo Oito

Bee canta: I´m waiting for a word of love from Syilvia... (Elvis Presley)

Capítulo Revolution number 9, number 9, number 9 number 9…. (Beatles)

Noite anterior: 100 reais de cocaína pra ela e Bee. Bicha rica de excessos você! Vai entender. É sempre tão difícil, na virada da noite pro dia. Essa cocaína suja que dá um pânico de morte, uma triteza de fim de mundo. Que crueldade deixá-la sozinha depois de 100 conto de pó. Mas ela nunca deixa ele ficar. Manda ele ir embora porque não quer que ele a veja naquele estado, que ele conhecia tão bem. O momento de cobrar do Brasil ou de não sei quem a oportunidade de ser o que nunca deixaram. O momento da esponja expurgar todo o chorume dos tempos passados.

E ela grita. E xinga ele! Vai te fudê! Bicha de merda... Você não sabe meu lado ocidental. Eu sou uma besta! Soy una esponja! Sorbo la idiossincrasia del mundo y el tabaco!

Bee vai embora assoviando. Sabe que ela odeia assovios. Mas esquece. Ou não. Vai saber.
Vai entender esse amor, essa dependência sádica que Bee tem por Sílvia. Onde estará Silvia, ele procura... E só encontra a esponja.

Slivia rememora vaias.
Silvia é marginal
(uuuuuuuuuuu)
Silvia é old school
(uuuuuuuuuuu)
Silvia é a vanguarda de fraldas
(uuuuuuuuuuu)
Não votem Silvia
(uuuuuuuuuuuu)
Seja Silvia, seja herói
(uuuuuuuuuuuu)
Silvia é outsider
(uuuuuuuuuuuu).

Silvia saiu atrás de Bee. Tinha blocos na rua. Tinha gente na praia. A praia feita de concreto, em frente à estação de metrô. Máscaras de gatinho (aquelas feitas com fronha de travesseiro) homens com peitinho de limão. Carmens Mirandas dignas de pesadelo e sem prestobarba. Lá estava Bee. Próximo ao pirulito da Praça Sete.
A banda tocava repetidas vezes “Eivocêaímedáumdinheiroaímedaumdinheiroaí”.
“O capeta vai estar hoje no bloco e vai matar vinte crianças!”, as doninhas falavam... O médium falou que hoje virá uma onda por trás da serra que cobrirá a cidade!”. Quantos caiaques na rua. Canoas. Lanchas estacionadas rente aos muros altos da casa do prefeito e do deputado Dr. Aureliano.
Um belo dia ele apareceu de verdade, o capeta. Vestia uma capa e um chapéu. Dançava cambaleante na rua, com uma garrafa na mão, não cantava Robert Johnson, cantava Nelson Gonçalves: Hojenãoexistenadamaisentrenós. Deixou o chapéu cair. Foi aí que todo mundo viu os chifres! Silvia escuta esta história desde pequena.
As velhinhas começam a rezar. Aquele dia, não sabia se era carnaval ou dia da padroeira da cidade. Nossa Senhora da Boa Viagem... Bad Trip! Isso sim. Merda de pó sujo! Procissão lado a lado com o bloco de carnaval e pessoas de biquíni na praia da estação. Bee não se aproximava. Vamos trepar! Quero trepar já que tudo acabou. Saí no dia do juízo sem saber. Fiquei tempo demais hibernando. Underground de Kusturica, lembra? Claro que não. Você não vê filme europeu, muito menos europeu oriental. Y yo soy mala como película tcheca. (Liliana Felipe, peguei emprestado, aquela do “Las Histéricas somos lo máximo”. Aquele CD que você detesta. Feminista demais. Pra uma bee entediada como você.) Um abraço pelo menos. Quanto tempo, amigo... Um abraço. Foda-se. Você vai ficar aí me olhando de longe, me vendo relacionar com o mundo de novo. Foi você que providenciou tudo isso? Essa loucura toda?
Aestreladalvanocéudisponta! Mudaram de música. E de repente Silvia se vê no meio do bloco. Olha pra cima como se pudesse se ver lá no meio, se olhava no meio da multidão. Voltou a procurar Bee. Bee tinha sumido.
Começou a fugir. Michael Corleone fugindo em plena revolução cubana em meio a vivas a Fidel... Pensa: You broke my heart, Bee...
Onde estará Bee? Sumiu! Covarde! Me abandona!
E foi levada junto com o bloco. Não conseguia mais ficar parada. E foi. Junto com meia dúzia de mascarados.

Capítulo 10
Silvia desapareceu.
Bee canta: I´m waiting for a word of love from Syliviahhhhhh!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

despacho de arquivo morto

Eu samambaia.

Tenho que te contar uma coisa. Sou uma samambaia.

Fora de moda.kitsch.vintage.ô não.
Imagine aquela frondosa samambaia no alpendre da casa de vó. Junto aquelas cadeiras brancas acompanhando mesinha de centro com pé de arabesco.
Junto com hortências. Espadas de São Jorge e Beijinho. Muito Beijo. Daqueles com cinco pétalas e que agente arrancava e colava nas unhas.

Não tô contando os momentos raros em que viro gralha.

Nem cavala... Não queira ver o piti dessa samambaia. É coice de mula.

Tenho sido samambaia chorona de jardim.

As samambaias estão em extinção.


12/2009

Pollyana sings:

Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte/porque apesar de muito moço/ me sinto são, e salvo e forte/ tnho comigo pensado/Deus é brasieiro e anda do meu lado/ e agora eu não posso sofrer como ano passado/ Tenho sangrado demais/ Tenho chorado pra cachorro/ ano passado eu morri/ mas esse ano eu não morro/ I, I wish you could swim/ Like the dolphins/ Like dolphins can swim/ Though nothing/ Will keep us together/ We can beat them/ For ever and ever/ Oh we can be Heroes/ Just for one day.

despacho de arquivo morto.

Eu aprendi a ouvir músicas nos vinis do meu pai.
Sempre gostei de historinhas.
Sempre criei historinhas pras músicas que gostava.
Sempre me envolvia com as historinhas das musicas que gostava.
Dois acordes só. Solo de guitarra com firula. Ou dois minutos de falas desconexas all the children are insane waiting for the summer rain, yeah! De uma calça de couro ambulante. Enfim, I hate myself and I want o die plus all you need is love, I have to admit is geting better all the time plus no alarms, no surprises, viva Cacilda Becker plus upa neguinho na Estrada plus got the scrape the shit that on your shoes plus…
Que saudade de você.

despacho de arquivo morto

Cansaço. Dizem que até deus descansou no sétimo dia. Porque eu não? À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Tem dez anos que tenho uma vida assim. Que não para. Como é que faz pra vida parar se é que para. Viver é uma insônia.
Minha cabeça parou, não vai muito longe. Anda esgotada que só ela. O irônico, que eu que sempre levei uma vida assim, que não para, preciso do ócio.
Meu coração indolente precisa convalecer. Modo de vida de Clarice. Ai.

03/2010

despacho que arquivo de morto

a modelo
Café. Nada de almoço. Por que senão eu durmo. E é muita exposição. Eu já estou nua, diante dos estudantes... pretensiosos ou não, fico comigo mesma. Porque sou pretensiosa. Entro naquele atelier com ar de antipática, diva das imperfeições que serão rascunhadas por garotas e garotos classe média, aspirantes a algo parecido a mim, na idade deles.
Me sinto tão velha naquele lugar, pagando peitinho a essa altura de meu campeonato.
Não me lembro quando foi dada a partida. Cheiro de citronela. Eu me arrisco a dizer, aqueles meninos não conseguem me fitar nos olhos. E eu me ponho a fitá-los e a me sentir mais o que pretendo ser, mas que obviamente não sou.

20/02/2009

despacho de arquivo morto

Aqui quem fala é Silvia, bee. Como vocÊ está? Vamos tomar um café? Eu desde aqui tenho tomado muito café. As manhãs tem sido longas o que tem sido bom. Gosto das manhãs. Odeio a tarde. Sensação de tempo perdido que me dá. Ela é ociosa e lenta. As noites são noites. Mas elas não tem sido como antes. Me conta uma coisa. Como anda esse brilho todo do lado de lá? Como tenho orgulho de vocÊ bee. Você é tão brilhante e só. Pegou sua malinha foi pro rio e curte os blocos de Ipanema com seu guarda-chuva. Sozinha e feliz. Bee você é demais.O presente, bee, o presente. Eu cá com meus ratinhos te redijo meu dia. Ontem confundi o aniversário de 40 anos de Woodstock. Comemorei ouvindo Richie Heavens cantando Freedom, dá pra acreditar? Joan Baez com LizaMinelli. Porque ningiuem vai me impedir de cantar Dont Smoke in Bed em cima dum piano de cauda com uma pinta de lápis de olho preto no canto da boca.
Ando sem inspiração bee. Perdi minha consulta com o psiquiatra ontem. Não sei até que ponto isso foi de propósito, porque, eu tenho medo de remédios. Fico querendo acreditar na minha lucidez (bebendo e tomando anfetamina, apesar de que estou há tanto tempo sem conseguir... ai fico parecendo aquela menina idiota daquele livro que adaptei pro teatro! Grandes bostas. Ainda me acho mais interessante, mas gosto de anfetamina)
Mas o que um inibidor de recaptação de serotonina pode me fazer, alem de inibir a recaptação de serotonina do meu cérebro?


Postado por Silvia: 15 de julho de 2009

despacho de arquivo morto

Minha vitrola chegou. Meu quartinho soa... sozinho. Meus devaneios antipáticos afastam a todos. Silenciosa e triste marina. Celebra a glória de uma bagagem floreada por ela mesma. Sozinha. Não sou nada e não posso querer ser nada. E nunca conheci quem tivesse levado porrada. Ou não.

18/12/2009

quinta-feira, 6 de maio de 2010

birth

Woke up this morning singing an old beatle song. Parece que foi ontem. Aquele negócio todo. Retorno de saturno, minha mocidade. Cainhar com meu pai com nostalgias tardias de Caetano. A vida num numero perfeito. 28 =
Faço 29 na segunda que vem.
O ano passado eu nem morri. Mas esse ano eu não morro.
Mas é que quando meus óvulos estão em processo de morte... Tem se tornado cada dia mais difícil. E quando por fim eles morrem e escorrem pelo ralo, como o da princesa egípcia,
tudo parece um tanto mais claro. Talvez um pouco melancólico. Porém menos desesperador.
Então eu que me tornei histérica depois de velha. Solto meu gritos confinados aqui desde a infância e caminho como um escocês na montanha. Um slogan de campanha publicitária.
Vamos embora.
O tempo me chama. Ainda uso all star e não faço as barra de minha calça.
Porém os joelhos dão algum sinal. Os olhos dão algum sinal, a testa grita a preocupação mesquinha. Ou não.O sonhos continuam os mesmos. Ainda não vivo como nossos pais.
Sinto saudade do que sonhava deles. Do mar que fez parte de meu texto porque me deram o nome de uma correspondente alemã. Não de guerra. De solidão.
Marina, irmã de Letícia. Marina irmã de alegria. Filha de Pedro e Candide. Cândida pedra. Pedra doce. Torrão de açúcar meu pai. Pedra minha mãe que ao sorrir revela a minha melhor herança. De tudo fica um pouco e eu fiquei com seu sorriso torto e escancarado. Um olho marejado. Cândido Pedro. Minha mãe. Meu Pai.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

piracema. pensa um pouco. o que acontece quando o peixe salta?

domingo, 28 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

HEY JUDE (THE BEATLES)

Na, na, na, na, na, na, na, na, na, na, na...

“Viva la vida!” Um pedaço de melancia com as inscrições de Frida Kahlo. “Naturaleza viva!” ou “ La novia que se espanta de ver la vida abierta!”
Gostava das pinturas de natureza morta de Kahlo. Tudo tão vermelho e sangrento e festivo. Vida abierta.
Melancia é uma fruta vermelha por dentro verde por fora e ainda por cima tem sementes. Símbolo de Fertilidade.
A melancia estava lá naquele apartamento há dias. Apartamento vazio. Sem móvel algum. Estava de mudança, mas não tinha trazido os móveis ainda. Que eram poucos. Só a melancia. Que havia comprado num impulso de vida. Alegria de quem vai à feira e leva uma melancia inteira pra casa.
Fumava um cigarro enquanto rolava a melancia contra a parede.
Dizem que melancia explode com o passar do tempo. Devido ao calor... ela fermenta. Ou então devido ao manuseio compulsivo de alguém que não mata mais a ansiedade com um fino tubo recheado de nicotina.
Ela ainda não tinha trazido a vitrola. Nem o tocador de CD...
Ela sempre achou muito importante saber muitas canções de cor. Saber muitas canções de cor é um grande conforto. É como saber o passo seguinte. É ser salvo pela memória em situações diversas. Ela era assim. Sabia muitas canções. De um ecletismo irritante. Bastava uma palavra, e dessa palavra, 30 canções com ela.
Em momentos como aquele, sozinha no apartamento vazio, com a melancia, uma música caía bem. Cantarolava.
O amor é uma coisa muita estranha. Pensava. Vê-se por Frida e Diego. Ou meu pai e minha mãe. Por tanta gente. Ela nunca entendeu. Tem uma melancia aberta tatuada nas costas. Sabe-se lá porque. Está aberta. Por mais que se espante.
Anoiteceu. Saudade de tanta coisa. Beber vinho com seu pai. Do fusca da mãe. O humanismo da mãe. O eruditismo do pai. Do mar. Era do interior, mas tinha saudades do mar.
A poetisa Alfonsina Stormi, se matou entrando no mar. Bonito isso. Triste. Mais saudades dos pais e dos vinis de Mercedez Sosa.
Amanhã ligar para os dois. Cada um em seu lugar, separados pelo Atlântico.
Carregada de sentimentalismo! Pollyana moça, pomba de Woodstock! Parou de cantar. A garganta doía de vontade apertada de chorar. Chorou. Como de costume. Sentimento latino de drama com música lá de cima, rock condecorado pela rainha em Buckinghan.... Melhor descer. Dar uma volta. Comprar um cigarro.
Desceu. A música não saía da cabeça.
No escuro... Sozinha... A melancia explodiu.
a verdade é que muita gente acredita em mim. eu sei. tenho medo de decepcionar... estes que me enchem o potinho de fé.



fico aqui. nesse silencio devorador de minha espontaneidade. que grande mentira.



eu quero escrever e estar no palco. e quero mesmo. por um desejo do umbigo. preciso. me completa em tudo o que não posso na vida, por pedir coerência demais. coisa que não sou. e ainda não sei se quero ou preciso ser. feri a mim mesma mais que aos outros. sei que firo os outros. mas não sei ainda se posso pedir a mim mesma pra ser diferente, sem que eu morra, e não consiga mais me ver olhando pra trás, ou para o espelho. não sou clarice pra falar dessa crise de uma maneira mais digna...



aceito cada proposta que me fazem. abro as pernas engulo o mundo, e ele sai mal digerido.

merde... vai lá palhaça! vive.



what else shoul I be? Repito. Porque sou repetitiva. Uma grande ladainha até que um dia a cabeça diga. basta.

a fraude.

Tem sido dias intensos. Provocações de todos os lados. Eu sou uma fraude! Eu grito e choro. Comiserável. Miserável. Estaferma. Burra. Cabeça televisiva de sentido pouco. O muro só cresce. Me diga. Não. Eu digo. Quero viver. Quero te chamar pra viver. Quero...gritar e rolar no asfalto. Preciso estudar pra não ficar burra de vez. Tenho notado que eu desenvolvi várias neuroses capitalistas em mim. Piada. De mal gosto. Eu solto as palavras burras pra alguem depois vir e lhe dar cor e beleza, sentido vendável. Eu cuspo. Alguem vem, recolhe e canta. As pessoas então compram.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Estava cá pensando II

Manifesto charada...

quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? tostines vendem mais porque são fresquinhos ou são fresquinhos porque vendem mais? as facas guinsu, conseguem cortar as meias vivarina?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estava cá com meus ratinhos e botôes e maiô de lantejoula pensando...

Cara bee, segue abaixo fragmento de Axelrod, de Hilda Hilst


Oh sim tudo!Tudo é um só dente uma só carne, uma garra grossa, um grossar indecomponível, um ISSO para sempre. Escovar o que se o seu existir, o seu de fora, a ciência dos feitos, a dura história, grafias todos esses acontecimentos a qualidade soberba das perobas, perenes, ele ouve, os trens passarão por esses dormentes, meu filho, para sempre para sempre. Para onde vão os trens meu pai?
Para Mahal, para Tami, para Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que o trem se move TU NÃO TE MOVES DE TI. Mover-se. Por que não?
Agora em férias, no segundo semestre falaria das revoluções, de muitas, vermelhas verdes amarelas, enfoques adequados nem veementes nem solenes, enfoques despidos de adorno, um tom de voz nem oleoso nem vivaz, um sobre tom doce pardacento, o lenço nas lentes, tirando e pondo os óculos, já se via no segundo semestre, tirando pondo vivo significante repetindo:


“Pois é sempre o ISSO meus queridos, cinco ou seis pensamenteando, folhetos folhetins, afrescos, sussurro no casebre, na casinhola de ferramentas, no poço seco, e depois uma nítida e vivosa sangueira. E em seguida o que? Um vertical de luzes cristalizado por um tempo, um limpar de lixões, alguns anos e outra vez idéias, bandeirolas, tudo da cor conforme a cor de novos cinco ou seis”.


A praia é do povo. Como o céu é do condor e Castro Alves domínio público.

Cabe a nós, meia dúzia de neguinho “esclarecido”, cultivar uma cultura sustentável, no lugar. Tipo distribuir lixinhos, fazer mesmo mais cartazes pra todo mundo que passar por ali desinformado saber por que estamos ali, pra arquivar um início hitórico. O resto não nos cabe. Relaxa e senta no cimento.