comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Par ler escutando "Ballade pour Adeline"...

Devo dormir mais e fumar menos. Menos café. Alongar antes das atividades físicas. Levantar a primeira vez que o despertador toca, sem apertar a opção soneca. Devo, terminar os livros sem começar outro e não me distrair na Internet com atrativos distantes do meu objetivo. Devo beber menos vinho, é saudável, mas caro. Menos cerveja. Menos refrigerante. Devo melhorar o tom em minhas manifestações por que sou muito antipática.
Devo aprender a pensar duas vezes antes de falar, mesmo que isso signifique desaprender o que custei a incorporar em mim. Eu que antes pensava cinco vezes antes de me manifestar e perdia a vez. Devo escutar Beatles de manhã. E Caetano no carro. E olhar para o céu durante à tarde e suspirar pra não perder a tradição de pomba. Devo usar as borrachinhas do aparelho. Todos os dias. Devo sentir vergonha dos meus dentes pretos de cigarro. Minhas unhas amarelas, de cigarro. Meu esmalte descascado. Minhas golas de camisa cortadas. Devo me exercitar pra ficar igual Madonna. Devo ser humilde. Devo ser corajosa. Devo ser sincera. Devo ser forte. Devo o Seven. 240 reais. Devo o cheque especial, 200 reais, da conta ainda universitária. Não devia chorar. Devia ser leve. Devia ser menos ciumenta. Devia ser o que eu era. Ou resgatar a ilusão que eu mesma inventei do que um dia eu já fui e que fez você me amar, os meus amigos me amarem, eu me achar legal. Devo me lembrar onde ponho as chaves e antes de chegar na porta do carro. Devia parecer menos com a minha geração... Não devia me levar a sério e os outros e tudo...hahahahahahahahahahahaha.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Protótipo de manifesto. Nome de grupo de teatro belorizontino causa polêmica.

Manifesto 171 ou Crônica Plagicombinada em busca da verdade (?).

Deus morto por Nietzche, solto por Caetano em 1967, o autor morto por Roland Barthes, o compositor por Tom Zé. John Lennon morto por Mark Chapman, que foi criado pela CIA... ?
Que seja. Me disseram. Disse me disse, e agora existe. Borba Gato nunca esteve em Sabará, ou não... Caetano e Gil inventaram o relativismo tupiniquim.
A canção de Foucault: eu falo, eu minto. A teoria de Tom Zé: eu não sei de nada, eu não sei de nada, eu não sei de nada.
Cantemos, oremos, fumemos o fruto proibido da Nicotina adulterada da conspiração mundial aliciada. Fumemos em notas de um dólar, que equivale a nada.
Já me disseram na aula de literatura: só me interessa o que não é meu, lei do antropófago e eticétera.
Agente já apreneu a comer e o poeta carioca diz antes o choque: pra você que não despareceu em 1968 só por que não era nascido.
Nascemos vomitando, lá pelos 1980... Regurgitofagia parece ser uma idéia sem acento que eu gosto de copiar.
A palavra 171, não cabe mais só no código penal:
E não optamos pela tradição. Nem pela revolução. Nem como fenômeno astrológico nem marxista. Nem como fenômeno histórico nacional.
De toda forma, o movimento pós hippie, pós blank generation, futuro do no future, mas que não é nem EMO e nem cosplay (porque afinal de contas temos quase trinta anos). Somos resto de tudo isso, Pollyana pomba de Woodstock histero histriônica que chora excessivamente. Hey ho let´s go. What else should I be? All apologies..., como diria o simplório experiente que usava camisa de flanela e uma bala na cabeça lá pelos 1994.

Somos atores de Teatro, qué os puedo decir... what can I say? Em Belo Horizonte, onde a vanguarda ainda pertence a Lô Borges e companhia (nada contra). Não somos de direita, pode-se conluir.

Art. 171 Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

Não. Quem somos nós para querer o prejuízo alheio. Sou apenas um homem de teatro. Louis Jouvet vive em nós e toma chá com Brecht, Raul Seixas e Nossa Senhora.

Se ser marginal era ser herói... Em tempos em que as folhas em branco são folhas escritas recicladas, misturadas e coalhadas. Jorge Mautner dizia:
Ironia
É o cinismo dos sábios
Não tem conteúdo preciso
É preciso realçar a sensualidade geral.


Evoé, Sarava, All you need is love, bem unidos façamos nesta luta (final?) por um mundo sem amos. A internacional.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

hippie...

América, turbilhão, colcha de retalhos, luzes, ângulos inclinados, areias quentes, abacaxis melancias ananás, chuvas súbitas tropicais, matas verdes e muito sexo, Eros no batuque, na paisagem, calor negro, índio, eletricidade, cidades amontoadas e jogadas, cuspidas do trabalho fáustico de imigrantes-aventureiros-escravos, planícies de surpresas e brotes repentinos de culturas fosforescentes, carnaval, futebol, suor, cacau, petróleo-matéria-plástica mas tudo isso amontoado com uma brutalidade inocente, porque direta, tão distante do refinamento da crueldade européia! O sôco, a porrada, a amazônica capacidade de mentir, fantasias cósmicas, agilidade, o dengue, bem, legados superiores da raça negra, , um tom próprio, muito próprio, malícias de mil tribos e trejeitos, uma espantosa velocidade, até mesmo às vezes no radicalismo da preguiça como movimento cósmico de desencadear maiores velocidades da mente através do não agir, ironia como sabedoria básica, aventura, na mata, nas cidades, nos aglomerados, entre cipós e arranha-céus, bandoleiros, dançarinas, sensuais criaturas pagãs,o olho sempre à procura da chave de cada enigma que se abre em dois, mil olhos se espiando na selva, coqueiros e palmeiras se beijando com beijo ao som de uma rumba-samba-rock. E com uma ua de mel hollywoodiana mas já montada em um filme underground de gay hip américa.E estradas, sempre muitos e muitos quilômetros, é grande todo continente, com pássaros e animais de todos os tipos, os que inventam culturas sem o saber em velocidade atômica se subdividem em muitos países, clãs mas há um tom de caos geral, de caos fabricador de coisas incríveis, estradas desconhecidas cheias de prazer, a magia da música negra, como produto superior de todo esse caos, a participação efervescente dos corações apesar das grandes angústias, uma dança geral, frenesi, muitas possibilidades, potenciais, , dimensões do fantástico, território muito novo, América portuguesa negra, América inglesa negra, América espanhola índia, em todas as esquinas o grilo, aqui em baixo a barra é mais pesada, mas o entusiasmo, a audácia, as cores, a inclinação rítmica, Acabou chorare, trombetas e cantos, que américa mais cantadora e dançarina! Cantando a sua tragédia de labirinto um jogo de sensualidade e prazer. Evoé verão!! Colocaram a tecnologia em cima de um campo bárbaro e cheio de movimento, a televisão unificou como imagem absurdos antropológicas e antropofagias disfarçadas, somos a barra pesada e dançamos frenesi, de certo modo macacos invejado (o eropeu Mick Jager sonha em ser macaco), xaxados, cocos, baiãos, sambas, rocks, soul, blues, como pipocas brotando de um imenso robot perdido por entre cipós, emaranhados de edifícios de amianto brilhando contra um céu onde se confundem piscando satélites foguetes e vaga lumes como a estrela Dálva. (MAUTNER Jorge. Os fundamentos do kaos. Nova Stella, 1985. p.37-38)