comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



domingo, 28 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

HEY JUDE (THE BEATLES)

Na, na, na, na, na, na, na, na, na, na, na...

“Viva la vida!” Um pedaço de melancia com as inscrições de Frida Kahlo. “Naturaleza viva!” ou “ La novia que se espanta de ver la vida abierta!”
Gostava das pinturas de natureza morta de Kahlo. Tudo tão vermelho e sangrento e festivo. Vida abierta.
Melancia é uma fruta vermelha por dentro verde por fora e ainda por cima tem sementes. Símbolo de Fertilidade.
A melancia estava lá naquele apartamento há dias. Apartamento vazio. Sem móvel algum. Estava de mudança, mas não tinha trazido os móveis ainda. Que eram poucos. Só a melancia. Que havia comprado num impulso de vida. Alegria de quem vai à feira e leva uma melancia inteira pra casa.
Fumava um cigarro enquanto rolava a melancia contra a parede.
Dizem que melancia explode com o passar do tempo. Devido ao calor... ela fermenta. Ou então devido ao manuseio compulsivo de alguém que não mata mais a ansiedade com um fino tubo recheado de nicotina.
Ela ainda não tinha trazido a vitrola. Nem o tocador de CD...
Ela sempre achou muito importante saber muitas canções de cor. Saber muitas canções de cor é um grande conforto. É como saber o passo seguinte. É ser salvo pela memória em situações diversas. Ela era assim. Sabia muitas canções. De um ecletismo irritante. Bastava uma palavra, e dessa palavra, 30 canções com ela.
Em momentos como aquele, sozinha no apartamento vazio, com a melancia, uma música caía bem. Cantarolava.
O amor é uma coisa muita estranha. Pensava. Vê-se por Frida e Diego. Ou meu pai e minha mãe. Por tanta gente. Ela nunca entendeu. Tem uma melancia aberta tatuada nas costas. Sabe-se lá porque. Está aberta. Por mais que se espante.
Anoiteceu. Saudade de tanta coisa. Beber vinho com seu pai. Do fusca da mãe. O humanismo da mãe. O eruditismo do pai. Do mar. Era do interior, mas tinha saudades do mar.
A poetisa Alfonsina Stormi, se matou entrando no mar. Bonito isso. Triste. Mais saudades dos pais e dos vinis de Mercedez Sosa.
Amanhã ligar para os dois. Cada um em seu lugar, separados pelo Atlântico.
Carregada de sentimentalismo! Pollyana moça, pomba de Woodstock! Parou de cantar. A garganta doía de vontade apertada de chorar. Chorou. Como de costume. Sentimento latino de drama com música lá de cima, rock condecorado pela rainha em Buckinghan.... Melhor descer. Dar uma volta. Comprar um cigarro.
Desceu. A música não saía da cabeça.
No escuro... Sozinha... A melancia explodiu.
a verdade é que muita gente acredita em mim. eu sei. tenho medo de decepcionar... estes que me enchem o potinho de fé.



fico aqui. nesse silencio devorador de minha espontaneidade. que grande mentira.



eu quero escrever e estar no palco. e quero mesmo. por um desejo do umbigo. preciso. me completa em tudo o que não posso na vida, por pedir coerência demais. coisa que não sou. e ainda não sei se quero ou preciso ser. feri a mim mesma mais que aos outros. sei que firo os outros. mas não sei ainda se posso pedir a mim mesma pra ser diferente, sem que eu morra, e não consiga mais me ver olhando pra trás, ou para o espelho. não sou clarice pra falar dessa crise de uma maneira mais digna...



aceito cada proposta que me fazem. abro as pernas engulo o mundo, e ele sai mal digerido.

merde... vai lá palhaça! vive.



what else shoul I be? Repito. Porque sou repetitiva. Uma grande ladainha até que um dia a cabeça diga. basta.

a fraude.

Tem sido dias intensos. Provocações de todos os lados. Eu sou uma fraude! Eu grito e choro. Comiserável. Miserável. Estaferma. Burra. Cabeça televisiva de sentido pouco. O muro só cresce. Me diga. Não. Eu digo. Quero viver. Quero te chamar pra viver. Quero...gritar e rolar no asfalto. Preciso estudar pra não ficar burra de vez. Tenho notado que eu desenvolvi várias neuroses capitalistas em mim. Piada. De mal gosto. Eu solto as palavras burras pra alguem depois vir e lhe dar cor e beleza, sentido vendável. Eu cuspo. Alguem vem, recolhe e canta. As pessoas então compram.