comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014


Eu nunca tive cachorro na infância. Quer dizer, tive um, que ficou três meses no meu apartamento, pra desespero de Laninha e depois foi pra fazenda, onde ele definitivamente foi muito mais feliz, longe do motor da máquina de lavar, perto de outros cães e no meio do mato.
Sempre fui um tanto seca com animais de estimação, como boa menina de apartamento.
Mas como toda boa menina de apartamento, eu sempre sonhei com casa com cachorro e quintal.
E de repente passei a tê-los em casa, uma casa que, apesar de todas as evidencias em contrário, tem quintal.
Tem um muro escrito There is no Place Like Home no meu quintal.
Tinha um cachorro que sentava do meu lado quando eu chorava, ou quando eu simplesmente ficava sentada de frente para o muro do quintal.
Não aprendi de pequena como cuidar de um cachorro. Cuidar dos dentes, cortar as unhas, dar banho com xampu próprio para cães, ração própria para o tamanho, raça e idade.
Os cães que convivi na infância comiam angu.
Os cães que convivi na infância, andavam sozinhos na rua.
Os cães que convivi na infância não dependiam de mim...
Fui aprendendo a cuidar de cães na cidade grande depois de adulta e vir morar sozinha. Depois de ter a minha casa. Sim, esta é a minha casa. A casa que tem o escrito no muro.
Eu tropecei sim, e ainda tenho muita antipatia de pet shop, e tantos produtos caros pra cães e gatos. Não consigo levar a sério uma veterinária que sugere acupuntura para cães.
Isso tudo é muito pessoal. Não tô criticando ninguém. Sô filha de um veterinário que foi socialista na juventude e que sempre teve birra de cachorro de madame.
Talvez por isso eu seja assim tão displicente.
Mas ninguém pode negar que eu tive um cão. E que tivemos uma história. Eu nunca imaginei que diria isso, por que nunca liguei muito pra animais de estimação. 
Hoje eu tô chorando por causa de um. Que morreu no meu colo, e que eu custei a perceber, ou acreditar.
Hoje eu tô chorando por que eu fiquei sozinha em casa e nem ele tava aqui pra me fazer companhia. 

Hoje eu tô chorando tanto que acho que nunca mais vou ter um cão. Só se eu um dia for morar na roça, e ele possa comer angu, andar pela rua e ser livre de mim.

2 comentários:

Fuckdelis disse...

hermana!!!!!!
eu amo o tatu!
a vida dói nas ausências.

cristina blanco disse...

Sempre tive uma relação simbiótica com cães. Todos também criados com angu e atados em correntes, que hoje, confesso, fazem parte de algumas feridas minhas, trabalhadas por anos em sofás terapêuticos,sem êxito até esse momento, apesar das insistentes receitas de alegria em cápsulas ou comprimidas. À noite eram libertos para se refestelarem no quintal (que sempre tive e hoje me pergunto porque não os deixava livres se havia tanto espaço...)Tatu sempre fará parte de mim, de você, de todos nós que tivemos a deliciosa oportunidade dessa convivência. Acredite,seu colo foi pra ele o derradeiro aconchego que só um amigo pode oferecer. Seu coração, Vianinha, é um enorme quintal!