comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

comitê de escracho permanente

Noite Belo Horizontina ou comitê de escracho permanente:
(na minha porta, no meu peito no meu cigarro)
Deriva
Deriva
Deriva
(Dia. Dia comum. Rua movimentada). Uma mulher e um megafone no centro da Praça Sete.  Set de filmagem ou escracho cinematográfico.
-Obelisco
Obelisco
Pelourinho
Pirulito
Paralelepípedo. 
Paralelepípedo .
Proparoxítona.
Flácido, tráfego, bêbado, trôpego.
Modigliani!
Chico Buarque de Hollanda merece o nosso respeito.  Pablo Picasso sabia muito bem roubar idéias e fazer mulher chorar!
Chuta a família mineira, e depois traz pra mim um café, Nice.  Madame Bovary “Ce moá” “cé moá ““ce moá”.
(discursa sozinha, dá ordens, dirige uma superprodução).
- Gente! Gente! Por favor! O trem já vai sair!
Villa Lobos nos aguarda na Casa do Conde de Santa Maria para maiores informações.
Não sei se os caipiras avançaram. Pergunte a produção. Pergunte a Santa Maria!
Pergunte a Nossa Senhora da Bad Trip!
A última palavra de Picasso: MODIGLIANI
A última palavra de Prometeu: Resisto!
A resistência e a desobediência civil já podem se posicionar.
Vamos fazer um teste.
Todos os triângulos rosa!
Atenção todos os triângulos rosa! Por favor, juntemonos  no trenzinho. Tem espaço na vã.
Carlos? Carlos? Por favor, Carlos? As britas estão no meio do caminho. Preciso que faça para mim um castelinho de areia, sim? Coloque o castelo dentro da Kombi, quando terminar.
Senhor Adolph Hitler! Adolph Hitler! Antes de o senhor saltar do viaduto da Floresta é preciso é preciso é...
Não se atreva a subir no viaduto Santa Teresa!
Índios de Gothan City não comece ainda. E não deem ouvidos ao pastor.
O solilóquio do índio Acaiaca começa em cinco minutos.
Quando foi a ultima sessão de cinema?
E o que foi feito de Vera?
Senta no cimento que a barricada tá embalada a vácuo.
Eu quero Chacrinhas de açúcar e Julieta no balcão! Onde está Julieta?
Julieta! Eu sei que você está aí. A luz está acesa!
Agora todas as janelas do Iphan, vão se abrindo lentamente...
Eu quero todas as janelas!
De novo: Todas as janelas! O que acontece com as janelas do meu quarto?
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?)
Olha a chuva!
É menrtira!
Anarriê!
Tur!
Ó Esteves!
Não precisa a metafísica! Só um pouco de areia brita e água.  Se ainda tem ferro nas almas, te garanto que o barroco ainda escorre do concreto.
Não é o trem. Foi o metrô. O metrô não, o trem. Não o trem, mas o trem. O trem.
Trem.
Gostaríamos de agradecer a Cia. Valle del Rio Dulce, por nos proporcionar este belo momento. Sem a Valle jamais realizaríamos este trem.
Não se reaproximem do Minas Tênis Clube a essa altura do campeonato.  E não alimentem os quatis. A minha vida é essa! Criar desumanidades na grande roça, elefantes e mineiros não esquecem jamais, dizem que gostam de amendoim, e não é ilusão de ótica, é mágoa subindo ladeira em ponto morto.
Descer floresta enquanto o lobo não vem.
Ok, Carlos... Quando foi mesmo que você subiu a Bahia nu?
Alguém te deu crédito? Senhor de costas para o mar?
É preciso cantar. Antes de expulsar mais uma geração pra ver a lagoa.
Cantar o quê? Porra! E não me pegue no braço! Sou jacu.
Pianinho. Pianinho. Pianinho.
Eu vou aprender a cantar só.
Coro de morcegos e todo o trânsito do viaduto aos seus postos.
Adolph já pulou? Por quê? Quem mandou? 
Arranjem outro. Pode ser o prefeito. Quem está na janela redonda?
Julieta por que apagou a luz?
O curral, a serra e o rey.
O curral, a serra e o rey.
O curral, a serra e o rey.
Ah minha vida toda!
O curral, a serra e o rey.
Não se aproximem do IPHAN!!
Um espectro ronda.

Uma mágoa barroca ronda nossos ombros.

Só a dor de cotovelo nos UNE.

Não temos passe livre.

Ainda.

Carlos? Carlos? E agora?
(continua)



terça-feira, 17 de setembro de 2013

perdão.

sábado, 14 de setembro de 2013

Belo Horizonte
Tem horas agora que eu quero te largar, te deixar pra trás, te esquecer como nunca quis antes. Tem hora que eu quero cuspir nesse asfalto e rasgar uma a uma minhas cartas de amor que te fiz e queimar num coreto qualquer. Numa pracinha qualquer, numa esquininha qualquer, num butiquim qualquer.
Tem horas que eu olho pra você e você me joga na cara todo o meu sonho de coletivo, de grupo, de história, de teatro, de amor, de amizade, de historinha nova, e me joga fora dentro de um bueiro sujo entupindo uma Cristiano Machado inundada de carros, descaso, propagandas do Aécio, água e BRT.
Tem horas que eu não sei o que fazer com esse trem. Esse trem que de repente esvaziou. Meu coração precisa te esquecer pra voltar a te amar.
Não sei se a bupropiona vai me fazer esquecer, vai me fazer fumar menos, vai me fazer doer menos a vontade de depois que dói o externo e deixa tudo nublado.
Cada dia guardo um olhar diferente pra você. E nesse momento você só me dói. Só me dói.
Não ouso dizer que te odeio, mas eu te odeio.
Te odeio por toda madrugada que te caminhei, por toda boca de lobo, por toda vontade que no fim dá sempre errado, todo mundo! Inclusive eu mirando o próprio cu. Te odeio por todos os teatros fechados, por toda rua com nome de índio, por toda esquina saudosista. Todas as igrejas clubes, savassis, serras, JKs e Niemeyers, te odeio por toda mágoa que eu herdei, por toda essa desconfiança de que alguém vai descobrir onde escondi a porra do queijo, e que o santo é de pau oco, que o progresso tá dentro desse contorno e que a liberdade tá no ponto mais alto. Desse triste viaduto da Abraão Caram. Desse mundinho. Mundinho, que me aprisionei. Te odeio cidade. Te odeio por fazer isso comigo. Te odeio por me trancafiar aqui dentro, sem horizonte horizonte horizonte horizonte.
Cidade eu não rolei no seu asfalto o suficiente, mas de que adiantaria? Adiantaria? Você me amaria? Você não me ama. Você não me ama! Você não me ama. Eu insulto o burguês. Ódio ao burguês! Ódio cidade.
Ninguém vai entender meu escarnio momentâneo pelo curral.  Foda-se. Eu grito do alto dos piolhos entupida de cachaça e os militares não passarão. Eles não sabem o que fazem mas também não sou cristo então eles que se fodam junto com o viaduto, Fernando Sabino e Drummond. O meu nome não é Raimundo, tampouco me importa o mundo nesse sábado de manhã. Hoje não tem carnaval, nem procissão. Mas todas as janelas estão fechadas de luto.
Eu quero muito que isso passe, por que eu preciso te amar. Mas hoje eu te odeio.
Do fundo do meu coração.

Eu tô chorando e já quero te pedir perdão. Mas hoje não. Hoje nada de perdão. Nada. Não.