comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



segunda-feira, 29 de julho de 2013

yo la peor de todas

Yo la peor de todas
Acho que fraquejei
Não sou poulanista mas sou pomba
Eu debocho de ti e de mim e choro depois
Depois de tanto verbo a pessoa morre
Eu traí o movimento
Tantas vezes
Eu sou só atrevida,
Às vezes.
Eu não serei só que vocês querem que eu seja
Ou o só o que eu quero
Sou só uma atrevida,
E consequentemente dou muito bom dia a cavalo.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

comentário de Maria Cândida (minha mãe) sobre post do dia 10

Impressão errada. A paixão nunca foi meu forte. Ser branda sempre foi em muitos momentos meu pecado, o caminho escolhido por medo ou certeza.
A revolução nunca foi minha opção, o dia a dia sim.
A luta diária nas pequenas coisas por um mundo melhor e uma luta árdua por convicções, coerência pelo mais certo, que tantas vezes perdi, mas tenho tentado não desistir.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

a cada segundo um combate entre o cigarro e a tela do computador a pia e o feed transbordando de informação a recessão da minha conta bancária o mercúrio retrogrado a incertidão dessa pessoa física com 40 reais no banco que será amanhã das minhas responsabilidades de mulher atriz sem salário fixo desempregada dos ofícios tradicionais mas com tv a cabo e internet banda larga o que faz de mim um pouco coxinha mas não sou dada a pesar de tudo a comiseração sucrilhos não sou dada a pesar de tudo a reivindicações danoninho mas o que sou eu aqui então desempregada chorando as pitangas (?) apesar de privilegiada e apesar disso eu fiquei ontem sem me mover fumado sem parar diante das imagens de uma passeata que eu não fui e chorei egoisticamente de ter me privado de estar onde queria e ao mesmo pensando que na primeira passeata eu tinha mais clareza do que eu achava e pensava e a semana passou como um furacão que senti e pensei tanta coisa ao mesmo tempo sem ter deixado nunca a perspectiva esquerdística que herdei de meus pais hoje tão brandos porem justos porem eu radicalizo as vezes por desejo por anseio por não saber de porra nenhuma mas me vi cantando a internacional me vi enxotando enchapelados e mesmo não me arrependendo das minhas ações nos últimos dias só quero dizer que jamais ficarei em casa e sei que tá longe de acabar e longe ter qualquer entendimento eu quero fazer revolução e amor até mais tarde e fumar depois só depois


23/06

meu cigarro

Meu cigarro nasceu da solidão. Meu cigarro nasceu como companhia. Meu cigarro nasceu da avó do mundo de cócoras a fumar durante a criação da Terra. Meu cigarro é herança de índio, que passeou por Hollywood, Hunphrey Bogart Guarany esfumaçou o glamour de meus avós. Meu cigarro nasceu do maço de cigarros do meu vô em cima da TV. Cinco cruzeiros e o troco de bala. Meu cigarro nasceu deitada na rede desperdiçando insônia e sangue olhando pro céu de fumaça. Meu cigarro nasceu da fumaça que encobre meu pensamento de companhia cheia de herança. Meu cigarro é herança de índio que chora na rede dentro da noite ocidental. 
Minha noite ocidental é cheia de cigarro. Meu cigarro é fruto de pecado de pulmão. Meu cigarro é oficina em plena atividade de ociosidade no ocidente de não sei quando ou onde, meus amores... Meu cigarro é fruto de se eu continuar assim minha ansiedade me mata aos quarenta. Meu cigarro tem cara de comercial dos oitenta. Meus noventa começam com cigarro. E meu segundo cigarro tem gosto de menta.

Meu cigarro agora e só agora tem cheiro de Morrissey, mesmo sempre sido a cara do Nelson, e com a garganta de Rorô sempre sendo Nair Belo. Meu cigarro dói de fôlego, por 17 anos, alguns namoros, um casamento e uma dúzia de peças de teatro. Meu cigarro grita nas minhas roupas, no meu cabelo e no nosso beijo. Nosso casamento tem cigarro e se um dia não tiver, por favor, continue me amando. Por favor, continue me beijando. Meu cigarro também tem algumas janelas e meio fio como herança de melancolia sem libido de uma estrada de minas pedregosa do caralho. Meu cigarro também é volver a los diecisiete violeta violenta com la frente marchita de memória. Meu cigarro também não dói de metafísica. Meu cigarro é o que de mais concreto da minha dor se acomodou como catarro no meu peito.


Marina Viana
Fumante há 17 anos.
Fuma dois maços por dia.

Traga até charuto.

terça-feira, 9 de julho de 2013