comunista desejosa de glamour hollywoodiano. anarquista com apego material a coisas emocionais. plagiadora que exige direitos autorais



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Dizem que no principio era o verbo, que se fez carne e a costela fez-se mulher

Dizem que o primeiro homem curou a ferida que a mulher tinha no meio das pernas copiando os animais. Dizem que Zeus castigou o andrógino fazendo-o viver atrás do seu pedaço.
Dizem que no tempo de Medéia, o amor não existia.
Dizem que quando Rei Arthur uniu o mundo pagão ao cristão o amor ficou cortês.
Dir-se-ia que pende da escuridão da noite como brinco da orelha de um etíope, diria um Romeu.
Dizem que quando Pero Vaz Caminha descobriu que as terras brasileiras eram férteis e verdejantes, o amor ficou mestiço.
Dizem que no tempo de Goethe, as mulheres desmaiavam quando o amor ofegava seu peito apertado em corpetes da moda.
Dizem que o contratador levou o mar pra Xica, que Abelardo e Heloisa estão enterrados juntos. Que Marie Farrar, nascida em abril, matou o filho e deixou no lavatório.
Dizem que quando o homem foi à lua e a mulher queimou o que apertava seu peito. O amor virou livre. Dizem que idade média a mulher foi queimada pelo que apertava o seu peito. E a lua, essa inconstante, era mágica.
Dizem que sou feminista demais.
Dizem que o amor é tudo que precisamos.
Diz que traz a pessoa amada em três dias.
Dizem que Ro rô empurrou Zizi da escada.
Dizem Jung amou uma histérica.
Dizem que já estou sã da loucura que havia em sermos nós.
Dizem que as bruxas de Salem estavam fazendo a brincadeira do copo.
Dizem que o antropólogo Claude Levi Strauss detestou a Bahia de Guanabara.
Dizem que o útero caminha no corpo da mulher
Dizem que em Passárgada sou amiga do rei.
Dizem que sou estrangeira.
Mas quando eu vim parar esse mundo eu não atinava em nada.


terça-feira, 7 de maio de 2013

sandia teima (escrito em abril)


Eu não me poupo. Eu não me pouco. Eu sou fominha. Topo qualquer parada. Eu sujo meu nome.  Eu excedo. Eu repito. Eu poluo a vida com coisa que a idade devia ter me ensinado a não repetir. É burrice?
Eu não me poupo. Eu não me pouco. Eu não fujo. Eu não preservo. Eu não engulo.
Eu choro. Bato o pé. Pago de tirana. Dou piti. Faço cena. Eu grito. Eu machuco. Mas não precisa ter medo de mim.
Eu escolhi. Eu topei. Eu trombei com essa parada e não largo mais o pé. O nome eu limpo. A vida eu respiro, eu dô, aconteço a qualquer custo.
Eu não me poupo. Eu não me pouco. Eu me doo. Eu te doo. Love me do.

Dor de cabeça! Dor de cabeça! Tá gritando dor de cabeça!
Eu quero tomar uma cerveja, escrever chover alguma coisa. Cadê o asfalto Silvia?
TPM que depois dos trinta me deixa assim, desperdicei uma insônia olhando para o teto.
Desperdicei uma insônia olhando para o céu, deitada na rede, pensando, meu deus eu estou sem criatividade...
Desperdicei uma insônia olhando a insônia passar
Minha Medéia fracassa, mas não morre.
Meu deus! Meu útero! Meu tendão de Aquiles de carnaval. Meu carro do sol.
Estou fora da contracena.
Estou fora da contracena.
Sou só eu e meu nariz refletindo com a luz do pinbim.
Meu interlocutor
Meu interlocutor
Meus filhos. Meus... Meus f-i-l-hos.
Sou só eu e meus gritos de guerra.
Meu lamentos velhos.
Atrás da porta com o megafone no buraco da fechadura.
Dois anos de balzaca
Dois anos de balzaca.
Desempregada
Desempregada
Bicho adoentado.
Bicho de coxia.
Bicho.
Hoje eu estou assim
Amanhã, eu escorro.
Amanheço sem dor.
Mole de piroxicam.